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JOGOS COM CORDA
Assim como os jogos tradicionais classificados de "perseguição", os jogos com corda provavelmente são os mais antigos da humanidade. Há variedade de jogos realizados com o material corda. Aqui apresentam-se alguns desses manifestos ainda hoje presentes na cultura brasileira, sobretudo, pelo contributo do público infanto-juvenil.
Possível Origem
A origem dos diversos jogos realizados com corda é desconhecida. Provavelmente, uni-se com a própria criação desse material desde épocas remotas da humanidade. "A corda, a partir da lã, já era utilizada na Idade da Pedra" (SANTOS, 2012, p. 114).
O que se sabe é que um dos primeiros jogos de corda conhecido foi o cabo de guerra, presente nos primeiros jogos olímpicos entre os anos 1900 e 1920 (SANTOS, 2012).
Organização do jogo: regras, formatos e objetivos
Pelas múltiplas formas de se jogar com corda, várias são as regras, os objetivos e a disposição dos jogadores. O elemento em comum em todos os jogos com corda são, de fato, a presença desse material.
Cabo de Guerra
De acordo com o livro "Os melhores jogos do Mundo" provavelmente o jogo cabo de guerra originou-se nas sociedades agrícolas como forma de representar, simbolicamente, o combate entre as forças da natureza.
Na Birmânia, por exemplo, os grupos defrontam-se com o "partido" da chuva contra o "partido" da seca. Segundo a crença, a vitória do "partido" da chuva significa que as chuvas não faltarão durante o ano todo. Na Coréia, o Cabo-de-Guerra é disputados entre aldeias vizinhas que, dessa forma, procuram adivinhar qual delas terá a melhor colheita. Por outro lado, os esquimós do Canadá jogam Cabo-de-Guerra no outono, para prever se o inverno será muito ou pouco rigoroso (OS MELHORES JOGOS DO MUNDO, 1978, p. 134-135).
Tradicionalmente, o jogo é composto por duas equipes contendo o mesmo número de integrantes cada.
O objetivo consiste em puxar a corda até que a outra equipe ultrapasse certo limite estabelecido anteriormente, por exemplo, uma linha no chão. Portanto, a equipe vencedora será aquela que conseguir fazer com que a outra ultrapasse tal limite.
Ressalta-se que, embora o jogo Cabo de Guerra seja praticado na maioria das vezes com a corda, o mesmo pode acontecer com outros materiais como um pedaço de madeira, por exemplo.
Em situação escolar, cabe ao docente organizar a aula com os materiais mais adequados aos objetivos pedagógicos por ele almejados no ensino desse jogo.
Ladainhas
Entre os jogos mais conhecidos com corda estão aqueles realizados com a presença de cantigas/músicas enquanto os jogadores pulam a corda. De acordo com Santos (2012, p. 115), tais jogos são as Ladainhas: "[...] músicas cantadas enquanto se pula a corda, individualmente ou não (um homem bateu em minha porta; pato, patinho; suco gelado; suco quente, branca de neve; salada, saladinha; qual é a letra?; com quem, com quem será?)".
A seguir é possível verificar algumas dessas cantigas anunciadas nos jogos com corda ladainhas.
1- Branca de neve quer saber... Nessa versão, dois jogadores batem/giram a corda para que um terceiro pule até errar, fazendo com que a corda pare. O objetivo é verificar quantos namorados (as) a pessoa que pula vai supostamente ter.
2- O homem bateu em minha porta... Nessa ladainha, os jogadores devem realizar os movimentos conforme a letra, por exemplo, pular com um pé só quando é cantado. O objetivo é conseguir realizar todos os movimentos cantados ao longo da ladainha. Sugere-se que o docente permita que os estudantes criem mais letras para ser cantadas e realizadas nesse jogo.
3- Suco Gelado/Suco Quente... Nessas versões, os jogadores pulam a corda até errarem. O objetivo é verificar qual será a letra inicial do suposto pretendente daquele que pula.
4- Salada, saladinha... Na versão, os jogadores que batem/giram a corda aumentam a velocidade na medida em que a música é cantada. Param de bater quando o jogador que está pulando errar, cedendo a vez ao próximo.
5- Coca-cola, Pepsi-cola... Nessa ladainha, os jogadores pulam até errar verificando quantos namorados (as) supostamente têm na escola. Assim, o número que errar é aquele referente a essa suposição.
6- Pato, Patinho... Em "pato patinho", os jogadores realizam movimentos de pular conforme a corda é manuseada pelos colegas verificando se conseguem pular todos os meses do ano, de Janeiro até Dezembro. Inicialmente, a corda não passa por cima da cabeça, indo de um lado ao outro. Depois, ao decorrer da música, na parte em que os meses são cantados, a corda começa a passar por cima da cabeça.
Na maioria das ladainhas, dois jogadores manuseiam a corda, enquanto um terceiro jogador pula. Porém, esse número pode variar, pois, dependerá da organização dos próprios jogadores, podendo pular mais de um jogador ao mesmo tempo. Aqui, apresentam-se apenas algumas ladainhas, pois, se reconhece que muitas outras existem espalhados pelo mundo.
KLISYS (2010, p. 103) apresenta outras ladainhas possíveis:
Ressalta-se que é preciso ter um olhar atento para as músicas cantadas e as mensagens por elas transmitidas, reconhecendo-se que na escola, são momentos oportunos para se refletir, junto dos estudantes, sobre os significados contidos nas letras (BRAGA, 2013). Inclusive, tais letras são por vezes utilizadas em processos de alfabetização dos estudantes, em relação a apreensão das letras, palavras e dos números.
Por fim, concorda-se que
[...] muitas ladainhas e cantigas de pular corda de outrora ainda estão vivas, embalando os saltos, dando ânimo a continuar a pular, vencendo qualquer cansaço. Observando as crianças, nota-se muitas vezes que a criação surge de pequenas adaptações. Ora modificam pequenas estrofes, ora usam a melodia de uma ladainha e modificam completamente a letra (KLISYS; STELLA, 2010, p. 100).
Portanto, é preciso possibilitar situações nas quais as crianças ressignifiquem as ladainhas já conhecidas e aquelas ensinadas pelo docente. Possibilitar a voz modificadora estudantil, nos jogos com cordas, ladainhas, é essencial para a materialização do protagonismo infantil.
Reloginho
Outro jogo com corda é o chamado Reloginho. Nele, um jogador segura a corda na ponta e começa a girá-la em 360°, próxima ao chão, permitindo que passe em baixo dos pés dos demais jogadores, que por sua vez, formarão um circulo ao redor daquele que possui a corda. Aquele jogador que deixar a corda tocá-lo está fora do jogo. Essa regra de eliminação varia, pois, pode ser que o grupo concorde em começar a partida com vidas/chances adicionais aos jogadores.
Possíveis variações do jogo reloginho pode ser realizadas, por exemplo, amarrar um bambolê na ponta da corda ou fazer ondinhas enquanto se gira a corda (SANTOS, 2012). Além de outras em que as próprias crianças podem sugerir/criar.
Zerinho
No jogo Zerinho, enquanto a corda é manuseada por dois jogadores, os demais, um por vez, devem correr e passar pela mesma sem que sejam tocados. Por se tratar de um jogo com cordas de fases, após iniciarem passando direto, a cada nova participação os jogadores devem pular a corda, ou seja, pula-se uma vez e sai; pula duas vezes e sai; três, quatro... até verificar quem vai mais longe. Ao errar, o jogador deve iniciar todo o percurso, começando pela primeira fase, passando direto pela corda sem ser tocado.
Cobrinha e Ondinha
Em ambos os jogos, Cobrinha e Ondinha, dois jogadores seguram a corda e realizam movimentos ondulares verticais e horizontais. Os demais jogadores devem passar pela corda sem que a mesma toque-os.
Passar Por Baixo
Nessa modalidade, os jogadores devem passar por baixo da corda sem tocá-la. Assim, cada vez que todos passam a altura diminui até chegar a uma posição em que apenas um, ou nenhum jogador, consegue passar.
Verifica-se que além desses jogos, existem maneiras distintas de se brincar com as cordas. Seja nos balanços, nos pés de lata, ou até na imaginação de capturar algo com a laçada do cowboy. As cordas estão aí inseridas na cultura infantil, atribuídas a diversos sentidos e significados pelas crianças.
Por fim, defende-se a ideia de que "Os jogos com corda permitem uma interação maior entre o objeto e o jogador, facilitando, dessa maneira, a reelaboração de novos movimentos e/ou novos jogos" (SANTOS, 2012, p. 117). Nesse sentido, cabe ao docente, criar possibilidades para a materialização de novos modos de ser e realizar os jogos com cordas atualmente.
REFERÊNCIAS
BRAGA, Raimunda N. F. Cantigas de roda em tempos de alta modernidade: Representações Sociais dos docentes e dos pais de alunos das Escolas do Campo em Chapadinha (MA). Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Desenvolvimento Humano: Formação, Políticas e Práticas Sociais da Universidade de Taubaté. Universidade de Taubaté, 2013.
KLISYS, Adriana; STELLA, Carlos D. Quer Jogar? São Paulo: Edições SESC SP, 2010.
OS MELHORES JOGOS DO MUNDO. São Paulo: Abril, 1978.
SANTOS, Gisele F. de L. Jogos Tradicionais e a Educação Física. Londrina: EDUEL, 2012.
IMAGENS
1- Aulas de Educação Física (gifs)
2- Cowboy - Site pinterest.pr
3- Pé na Lata - Site inventare.com.br
4- Falsa Baiana - Site sitiodomato.com
O homem bateu em minha porta e eu abri. Senhoras e senhores poem as mãos no chão; Senhoras e Senhores deem uma rodadinha; Senhoras e Senhores pulem de um pé só e vão para o olho da rua.
O jogador então sai da corda.
Cabo de Guerra com madeira. Afeganistão (OS MELHORES JOGOS DO MUNDO, 1978, p. 135).
Branca de Neve quer saber, quantos namorados você vai ter? 1, 2, 3, 4, 5...
O jogador sai da corda quando errar.
Suco gelado, cabelo arrepiado, qual é a letra do seu namorado? A, B, C, D, E...
Suco Quente, cabelo diferente, qual é a letra do seu pretendente? A, B, C, D, E...
Salada, saladinha, bem temperadinha, com sal, pimenta, fogo, foguinho, fogão...batem rápido até o jogador errar.
Coca-cola, Pepsi-cola, quantos namorados (as) você tem na escola? 1, 2, 3, 4, 5...
Pato, patinho, marreco, marrequinho, vamos pular o ano inteirinho. Janeiro, Fevereiro, Março, Abril...
Fase 1 - Passar direto
Fase 2 - Parar e pular uma vez
Falsa Baiana
Cowboy
Pé na Lata
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